Uma proposta inédita é trabalhada em Santa Helena através da Cooperativa de Trabalho e Assistência Técnica do Paraná – Biolabore. Trata-se do Sistema Agroflorestal que tem como principal objetivo recuperar áreas degradadas através do plantio em consorcio de espécies comerciais com espécies arbóreas que minimizam limitações de terreno, degradação do solo e aperfeiçoa a produtividade.
Nos dias 09,10 e 11, os técnicos da Biolabore que atuam nos projetos de assistência técnica e extensão rural do Governo Federal e Itaipu Binacional, passaram por uma capacitação. A prática de manejo foi trabalhada no Rancho Biolassi na Linha União, de propriedade do cooperado Lindomar Assi. O instrutor, produtor rural e engenheiro agrônomo, Romulo Araújo de Brasília que trabalha com o sistema desde 2008, em sua propriedade, trouxe informações para a produção de hortaliça e fruta utilizando o método agroflorestal.
A ideia foi implantar um sistema para obter lucro, mas principalmente para transformar a área em uma unidade para teste e validação do uso da tecnologia no Oeste, para que possam compartilhar experiências e conhecimento gerado na unidade aos agricultores interessados.
De acordo com o engenheiro agrônomo da Biolabore, Daniel Mol, após a implantação da área, os técnicos buscarão novos cursos para treinar os produtores rurais e profissionais de Santa Helena e região. “Os profissionais tiveram contato com a parte prática e teórica de implantação, acompanharão o desenvolvimento do sistema e, assim, terão mais autoridade para repassar aos agricultores atendidos pela Biolabore”, conta.
O que é?
O sistema Agroflorestal foi inserido no Brasil em 1982 pelo agricultor e pesquisador suíço, Ernst Gotsch. Seus alunos estão repassando a tecnologia para todo o país. O diferencial do método é enxergar o sistema agrícola como um agrossistema observando as conexões que existem entre as plantas, principalmente trabalhando com os princípios que se encontram na natureza que são a sucessão natural e estratificação, a ocupação vertical da área.
Segundo Romulo Araújo, as hortaliças e as frutíferas foram inseridas em uma área juntamente com demais árvores que irão fornecer a biomassa, ou seja, produzirá o alimento, tudo na mesma área, diminuindo o uso de insumos, de irrigação e principalmente dos defensivos agrícolas criando resiliência ao sistema.
“Acredito que essa seja a primeira área no Oeste do Paraná de caráter experimental. Estamos fazendo um consórcio de frutíferas com estratos diferenciados da floresta como o abacate e manga no extrato alto, cítrico e goiabeira no extrato médio e no futuro inserir algumas plantas no extrato baixo como hortaliças, banana e outras culturas como mandioca, batata doce e milho, além de termos as nativas fornecedoras de biomassa que é o eucalipto (eucalyptus grandis) e a gliricidia (gliricidia sepium). Todos organizados para que obedeçam a seus espaços no ambiente”, conta.
Avaliação
Um dos participantes do curso, o técnico em agropecuária, Rafael de Souza que trabalha com plantas medicinais na região, avalia o curso como importantíssimo para o Oeste, pois acredita que agrega valor na economia do produtor, auto sustentação e uma produção saudável. “Muitos agricultores possuem áreas pequenas e precisam diversificar as culturas. Temos solo e clima favorável. Conseguimos agrupar várias culturas numa pequena na área e deixamos a monocultura de lado. Temos produtos mais valiosos e sistemas autossustentáveis. O sistema agroflorestal é o mais inteligente do mundo que busca 100 % a viabilidade do produto e vai ser essa tecnologia que salvará o sistema agrícola do país”, avalia.
O engenheiro Romulo Araújo conta que a região de Santa Helena possui uma das melhores terras que já encontrou e o sistema vai funcionar com experiências maravilhosas de produção. O principal objetivo dessa unidade experimental é aprender na prática, compartilhar essas experiências e capacitar pessoas que multipliquem ao longo da região. “Temos uma terra maravilhosa e estamos estragando ela com o tempo porque é cultura de grão atrás de grão, sem deixar a terra descansar. A terra enfraquece ainda mais com o uso de veneno. Estamos com um tesouro e nos comportamos como um mendigo sentado no berço de ouro. Esse sistema traz um novo significado para o agricultor para que tenha orgulho do que faz e crie e não desperdice recursos”, finaliza.
Biolabore
A Biolabore, Cooperativa de Trabalho e Assistência Técnica do Paraná está localizada no Centro Avançado de Pesquisas (CAP) de Santa Helena na Rodovia 497, Linha Novo Paraíso, Santa Helena/PR. Atualmente possuí 72 cooperados um grupo multidisciplinar de Engenheiros Agrônomos, Agrícolas, Químicos e Ambientais, Zootecnistas, Médicos Veterinários, Biólogos, Administradores, Turismologos, Geógrafos, Sociólogos, Economistas, e Advogados e técnicos agropecuários, com formações de nível técnico, superior, pós-graduados (mestres e doutores). Tem como missão fornecer serviços técnicos especializados e produtos para o desenvolvimento sustentável e uma visão de ser referência na elaboração e atuação em projetos sustentáveis no Brasil. Atualmente são mais de 1800 agricultores assistidos em 54 municípios atendidos.